quinta-feira, 29 de julho de 2010

Entorse de tornozelo em atletas de voleibol

Entorse de tornozelo em atletas de voleibol
O tornozelo é formado pela tíbia, fíbula e talus e compreendem as articulações tíbio-fibular e tíbio-talar. Os músculos tibial anterior, fibular terceiro, extensores longo dos dedos e do hálux controlam a dorsi-flexão e a flexão-plantar é controlada, principalmente, pelos gastrocnêmios, sóleo, plantar, tibial posterior, fibulares (longo, curto, terceiro) e flexores dos dedos e hálux. Os outros dois movimentos da articulação são: a inversão (tibial anterior e posterior, extensor longo do hálux e flexores longo dos dedos e do hálux) e eversão (fibulares e extensor longo dos dedos).
Durante os movimentos de dorsi-flexão e flexão-plantar ocorrem alterações na estabilidade articular do tornozelo. No primeiro movimento, a porção mais larga do tálus (posterior) se encaixa entre os maléolos oferecendo maior estabilidade à articulação. Já na flexão-plantar a porção estreita (anterior) se movimenta entre os maléolos, permitindo a inclinação e translação do tálus, diminuindo a sua estabilidade.
Quando ocorre uma entorse de tornozelo, comumente não é só a articulação do tornozelo que é acometida como também as articulações subtalares.
No âmbito esportivo essa região é muito acometida por esse tipo de lesão, principalmente em esportes que envolvam saltos, corridas e mudanças rápidas de direção. No voleibol as entorses do tornozelo chegam a 60% do total de lesões, grande parte delas ocorrem na aterrissagem depois de um salto, seja após um bloqueio ou um ataque. O mecanismo da lesão mais comum é por inversão (entorse lateral do tornozelo), que chega a 80% dos casos, onde ocorre à flexão plantar, inversão subtalar e rotação interna do pé.
Num estudo comparando a frequência desse tipo de lesões em jogadores de voleibol de quadra e vôlei de praia, houve uma diferença de 22% em jogadores de quadra e 2% para jogadores de praia, essa diferença poderia ser explicada pelo tipo de solo utilizado em cada modalidade. Pela areia ser uma base instável, ocorrem alterações constantes na estabilidade articular, promovendo uma alteração na velocidade de ativação dos mecanismos reflexos dos proprioceptores musculares e articulares tanto no tornozelo quanto no joelho, aumentando a velocidade na resposta da contração muscular e melhorando o mecanismo protetor dessas regiões.
Numa periodização é de suma importância acrescentar um treinamento direcionado para essa região propondo diminuir a incidência desse tipo de lesões no tornozelo. Exercícios convencionais de fortalecimento muscular, exercícios específicos de situações de jogo e treinamento proprioceptivo são indicados como profiláticos nas entorses do tornozelo.
No treinamento proprioceptivo é importante a utilização de exercícios dinâmicos, multidirecionais e específicos do esporte. Em estudo que objetivava a diminuição das entorses de tornozelo através do treinamento proprioceptivo, jogadores holandeses dos times femininos e masculinos foram divididos em dois grupos. O grupo controle foi composto por 641 jogadores e o grupo intervenção foi composto por 486 atletas. A entorse no grupo intervenção teve incidência de 0.5 por 1000 horas de jogo e 0.9 por 1000 no grupo controle. Em outro estudo o treinamento em discos em tornozelo influenciou o tempo de reação dos músculos afetados durante uma entorse de tornozelo simulado em pessoas sem lesão prévia e sem instabilidade funcional do tornozelo.
Além dos estudos supracitados, outros artigos também indicam uma diminuição das entorses após o treinamento proprioceptivo. Como uma lesão com alta incidência no voleibol, mais estudos nesse âmbito são necessários para melhor aportar os profissionais que atuam nessa área, uma vez que a entorse pode prejudicar o rendimento do atleta e até mesmo afastá-lo dos treinamentos e dos períodos de competição.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARCHETTI, P. H. Biomecânica aplicada: uma abordagem para o treinamento de força. 1ª edição. São Paulo: Phorte, 2007.
WHITING, W. C. Biomecânica Funcional e das lesões músculoesqueléticas. 2ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
SANTOS, S. G.. PIUCCO, T.. REIS, D. C..Fatores que interferem nas lesões de atletas amadores de voleibol. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano, 2007;9(2)189-195.
MARQUES Jr., N. K.. Lesões no voleibol e o treinamento técnico. R. Min. Educ. Fís., Viçosa, 2003 v. 11, n. 1, p. 67-75.
BAHR R., REESERN J. Injuries among world-class professional beach volleyball players. Am. J. Sports Medicine, 2003, v.31, 119-125.

Prof. Kety Magalhães Konda
.: Licenciada e Bacharelada em Educação Física – FEFESP – UNISANTA e Pós-graduada em Fisiologia do Exercício na Saúde, na Doença e no Envelhecimento – CECAFI – USP;
.: Professora estatutária (concursada) da Prefeitura Municipal de Santos;
.: Personal trainer de atletas na cidade de Santos/SP (Ac. Unique)

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